Boa Esporte perdeu jogo decisivo para acesso em 2014, conquistou a Série C de 2016, mas sofreu derrocada em uma década e tenta recomeço em Ituiutaba, onde foi fundado
O dia era 29 de novembro de 2014. Na Arena Romeirão, em Juazeiro do Norte (CE), uma vitória por qualquer placar sobre o Icasa, já rebaixado, garantiria o Boa Esporte na Série A do Campeonato Brasileiro pela primeira vez. O clube mineiro ainda saiu na frente aos 13 minutos do segundo tempo, mas levou a virada e perdeu por 3 a 2. O resultado barrou o sonho do acesso e transformou para sempre o destino do clube, que viveu derrocada no cenário nacional.
Onze anos depois, o mesmo Boa Esporte sobe os primeiros degraus em um processo profundo de reconstrução após rebaixamentos sucessivos. Relegado à última divisão estadual em Minas Gerais, o projeto se transferiu de Varginha – onde viveu os grandes momentos da história e foi campeão da Série C em 2016 – para Ituiutaba, cidade em que a equipe fundada em 1947. A volta para casa representa a esperança da retomada aos dias de glória para um dos times mais tradicionais do estado.
Depois da campanha histórica de 2014, o Boa Esporte acumulou cinco rebaixamentos. No Brasileirão, caiu para a Série C em 2015, reconquistou o acesso com o título no ano seguinte, mas se despediu da Série B novamente em 2018. Dois anos depois, foi rebaixado à Série D, não conseguiu subir em 2021 e ficou sem calendário nacional desde então.
A nível estadual, o Boa não disputa a elite do Mineiro há quatro anos, após cair em 2021. Em 2024, o time teve campanha ruim no Módulo 2 e retornou à Segunda Divisão, que equivale ao terceiro e último patamar do estado, o que não acontecia havia duas décadas.
Com a pré-temporada em andamento desde julho, o Boa Esporte se prepara para a Segunda Divisão do Mineiro, que equivale ao terceiro e último nível do estadual de Minas Gerais. O time está no grupo C, ao lado de Essube, Paracatu, Passos, Juventus de Minas Novas e Nacional de Uberaba, e briga por uma das duas vagas no Módulo 2 de 2026.
Para o comando técnico, o Boa contratou Paulo Schardong, treinador que ficou conhecido em 2023, quando comandou o Sousa-PB e eliminou o Cruzeiro na Copa do Brasil. A estreia dele pelo Boveta será no dia 7 de setembro, às 10h30, contra o Nacional de Uberaba, em Ituiutaba.
Recomeço na antiga casa
Em julho de 2024, semanas depois de ter o rebaixamento decretado no Módulo 2 do Mineiro, o Boa Esporte anunciou a saída da cidade de Varginha, onde estava sediado desde 2011, e confirmou o retorno a Ituiutaba. De acordo com o diretor do clube, Rildo Moraes da Costa, a mudança ocorreu pela identificação do time com a antiga casa.
Mesmo de volta à cidade-natal, o Boa Esporte não vai poder recuperar o endereço antigo. Casa da equipe até 2010, o estádio da Fazendinha não existe mais. Penhorado em 2016 por causa das dívidas, o campo foi vendido em 2024 para a construção de um supermercado.
A expectativa é que, no futuro, o time possa utilizar o novo Estádio Municipal Júlia do Prado, que está em construção na cidade há quase quatro anos. Até lá, o estádio Coleto de Paula vai receber os jogos do Boveta como mandante.
De Ituiutaba a Boa Esporte
Fundado em 1947 como Boa Vontade Esporte Clube, o time verde, vermelho e branco se profissionalizou em 1998, já com o nome de Ituiutaba, e disputou a Segunda Divisão do Mineiro. A estreia na elite estadual ocorreu em 2004, ano em que o time despontou para o cenário nacional e jogou a Série C pela primeira vez.
A ascensão do time foi rápida. Seis anos depois, o Ituiutaba conquistou o acesso inédito à Série B. No mesmo ano, firmou um acordo com a Prefeitura de Varginha para levar a sede do clube para a cidade do Sul de Minas e utilizar o estádio Melão, maior que a Fazendinha. A mudança também levou à alteração do nome, e o time passou a se chamar Boa Esporte em referência ao nome usado na fundação.
Em Varginha, o Boa Esporte disputou a Série B em sete temporadas e teve como melhor campanha o 6º lugar de 2014. Além do título da Série C em 2016, o clube também foi campeão do Interior em Minas Gerais em duas ocasiões. O Boveta também disputou a Copa do Brasil oito vezes, mas nunca avançou da segunda fase.